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A Tríplice Liderança

A Tríplice Liderança

Uma das lições mais exploradas no desenvolvimento da liderança é a famosa diferenciação do papel do líder, em relação ao papel do chefe, do gerente ou do gestor. Pode-se fazer isso pelo âmbito dos conceitos e teorias, cujo volume é maior a cada dia. Pode-se ilustrar a diferença pela esfera dos traços de personalidade, com o apoio de efetivas ferramentas da assessment (avaliação). Pode-se ainda, classificar esses papeis pela ótica dos comportamentos e atitudes, que com a ajuda de programas de treinamento, processos de coaching e bons planos de ação, podem vir a fazer parte do repertório diário e aprimorar o desempenho na função.

Esse tipo de abordagem parece configurar uma atuação que se exerce a partir de dois papéis. Um aplicado à realidade das “coisas”, que demandam ações e atitudes ligadas ao controle e ao gerenciamento, onde o verbo gerenciar fica em evidência. E outro destinado às “pessoas”, que demandam habilidades de relacionamento, inspiração, comunicação e empoderamento, onde o verbo liderar vem em primeiro lugar.

A imagem de um gestor qualificado e eficaz geralmente recai sobre aqueles que conseguem tomar consciência desta diferenciação e, consequentemente, atender a esses dois papeis de forma equilibrada. Não apenas gestor e nem apenas líder. O correto é usar o papel certo, na hora certa, pois ambos são necessários para o bom desempenho e para o desenvolvimento da equipe.
Apesar de toda relevância desses dois papeis, a realidade corporativa atual, e ainda mais no futuro próximo, afirma a necessidade de um papel adicional. Liderar num mundo em que a complexidade e a incerteza são maiores a cada dia, tem exigido novos conhecimentos, novas capacidades, novos modelos mentais e novos papeis.

A ideia da tríplice liderança se traduz na combinação de três papeis essenciais, que se complementam e são exercidos mediante as diferentes situações do dia-a-dia e de uma realidade que vive em constante transformação: o papel de gestor, o papel de educador e o papel de coach.

No papel de gestor, além de cuidar das “coisas”, o líder deve concentrar seus esforços para esclarecer o quê deve ser feito. Dar a direção, definir metas e prioridades. Estabelecer procedimentos e planos de trabalho. Criar a melhor condição para que as pessoas executem seu trabalho da melhor forma, seja através do compartilhamento de informações, orientações e ferramentas. Facilitar as interfaces entre os diversos departamentos da empresa, para que o fluxo de informação seja contínuo e possibilite o bom desempenho das tarefas. Gerenciar processos e indicadores. Delegar as tarefas para a equipe, de forma estruturada e com métodos consistentes. Mensurar e acompanhar o desempenho da equipe de forma frequente e específica.

No papel de educador, o líder trabalha para esclarecer como deve ser feito. Para tanto, deve orientar, ensinar, capacitar e desenvolver a equipe. Transmitir e compartilhar seus conhecimentos. Fornecer os feedbacks positivos e corretivos, para reforçar e valorizar os comportamentos desejados e corrigir aqueles que ainda não estiverem de acordo com as expectativas. Trazer novas ideias, possibilidades e referências. Ajudar a equipe a ver o futuro de forma clara e realista, contribuindo para que ela esteja preparada quando este futuro chegar. Criar um ambiente que possibilite a aprendizagem constante e o aumento da maturidade da equipe. Fornecer os exemplos corretos. Assumir a responsabilidade pela formação de cada pessoa.

No papel de coach, o líder esclarece o porquê deve ser feito. Fazer as pessoas serem tudo o que elas são capazes de ser. Para tanto, precisa criar uma parceria de pensamento criativo e provocador, na qual as perguntas constituem a sua principal ferramenta. Oferecer desafios constantes, juntamente com o apoio necessário para que possam ser alcançados. Liberar o potencial das pessoas, ajudando-as a terem acesso ao seu melhor desempenho. Encorajar as pessoas na superação de seus próprios limites. Fortalecer a segurança e a confiança das pessoas, para que possam criar soluções por conta própria e tomar as decisões corretas. Fazer as pessoas a pensarem de forma diferente sobre si mesmas, sobre o trabalho, sobre a empresa e sobre o mundo. Mudar paradigmas obsoletos, substituindo-os por percepções mais acuradas da realidade. Desconstruir crenças limitantes e favorecer a configuração de crenças impulsionadoras. Tudo isso através de conversas francas, honestas e diretas.

O verdadeiro líder é aquele que consegue transitar entre esses três papéis, mediante a leitura diária que faz da sua equipe e da realidade na qual ela está inserida. Por isso é de fundamental importância estar próximo das pessoas e atento às suas necessidades. Praticar a observação e a escuta ativa pode ser um excelente caminho para atingir esse objetivo.
Dale Carnegie diz que “a melhor maneira de nos prepararmos para o futuro é concentrar toda a imaginação e entusiasmo na execução perfeita do trabalho de hoje.” Então, revise todos os conhecimentos e experiências acumulados na sua jornada como líder e faça o seu melhor.

Um grande abraço e até breve…

 

Por Samanta Luchini